Jornal de Brasília – A possível reaproximação do governador Rodrigo Rollemberg com a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), pode ser perigosa para o chefe do Executivo, já que ele corre o risco de perder apoios já consolidados na Casa. Deputados da base já dizem que ele tem de escolher um lado.
Sem se identificar, um dos distritais que trabalhou para que a votação em segundo turno da emenda da reeleição não fosse colocada em pauta, é taxativo: “O governador tem que se decidir”.
Para ele, Rollemberg deve decidir se quer sofrer as consequências de se ter a deputada do PPS no poder por apenas sete meses, ainda que seja contra o Buriti, ou ter achaques constantes até 2018. A intenção dela, com a reeleição, seria viabilizar o projeto de se candidatar ao Palácio do Buriti em 2018.
O governador diz que, por ser uma “pessoa de diálogo”, está “sempre aberto a conversar com os parlamentares” e tem “grande apreço” por Celina Leão. “Em nenhum momento o Palácio do Buriti se afastou da presidente da Câmara Legislativa”, observa o chefe do Executivo.
Independência
A deputada afirma que “não tem nada disso” e que permanece na posição de independência em relação ao governo. Os cargos que a presidente da Câmara detém no Executivo, no entanto, mesmo após várias tentativas dela, não foram exonerados. Ao contrário do que Rollemberg tem feito com os aliados que se juntaram a ela em um “blocão”, articulado para viabilizar a composição da CPI da Saúde.
O governador já exonerou indicados, por exemplo, dos deputados distritais Lira (PHS), Cristiano Araújo (PSD) e Raimundo Ribeiro (PPS), que compõem com Celina o “blocão”.
Saiba mais
O governador já foi alertado por aliados que o projeto de Celina Leão era se candidatar ao Governo do DF nas próximas eleições, quando ele poderia disputar a reeleição. Quando a Proposta de Emenda à Lei Orgânica que viabiliza a reeleição para a Mesa Diretora da Câmara foi votada em primeiro turno, Rollemberg não teria se preocupado com o assunto.
No segundo turno, a história foi diferente. Ele, pessoalmente, entrou em ação para evitar que a emenda fosse colocada em votação. A ideia que se tem é que Celina viabilizaria uma candidatura majoritária dela com dois mandatos seguidos.
Os olhos de Rollemberg foram, enfim, abertos, quando ela conseguiu reunir oito parlamentares em um bloco e tentar inviabilizar a participação de deputados fiéis ao Buriti na CPI da Saúde.
Base deve ser liberada, diz Delmasso
Favorável à reeleição, o deputado Rodrigo Delmasso (PTN) critica a interferência do governador. “Isso é uma questão interna”, aponta. Ele diz que Rollemberg poderia liberar os deputados para votarem como quiserem. E argumenta que Celina sempre defendeu o governo na Casa. “Ela sempre foi aliada de primeira hora”, observa.
Celina tem 12 votos cativos, mas precisaria de 16. Se Rollemberg liberar a base, ela ainda precisaria de mais conversas, já que, ao menor sinal de a emenda entrar na pauta, o super secretário Joe Valle (PDT) voltará à Casa e votará no lugar de Roosevelt Vilela (PSB).
Apenas Israel Batista (PV), Luzia de Paula (PSB) e Juarezão (PSB) devem ir para as contas de Celina. O quarto voto poderia ser o de Liliane Roriz (PTB), que é alvo de uma representação que pede a cassação do mandato dela na Casa.
Millena Lopes