Institucional

Nossa História

Gui Gerson Brum participou da fundação do Sindical entre os primeiros concursados da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ele foi o primeiro presidente do Sindicato. Leia aqui um pouco da nossa história, que também faz parte da história de vida de Gui, contada na edição de agosto de 2008 do jornal Extrapauta.

“Na criação do Sindical, de que tive a honra de participar, tínhamos a ilusão e o compromisso de contribuir para mudar a cultura da CLDF. Ela tinha uns 2 anos quando entramos em 1993 e vícios centenários.”

Éramos uns 20 servidores concursados em março de 1993. Vimos reajustes serem dados aos de livre provimento, sem serem estendidos a nós. Não nos permitiam trabalhar. Nossas propostas de trabalho eram ignoradas. Éramos ETs! O encaminhamento das “reivindicações” dos servidores era feita por uma tal ASCAL. Havia um certo Sindicato, que não “sindicava” nada. Tudo chapa-branca.

Para se ter uma idéia do porquê de eu ter colocado o termo reivindicações entre aspas no parágrafo anterior, vou contar-lhes sobre o Doc. Four. Trata-se do “documento nº 4” um primor de cara-de-pau surgido em 1993, elaborado por alguns ungidos servidores da CLDF. Esse exemplar teratológico, para se ter uma idéia, pleiteava a permanência por dez anos de todos os servidores pré-existentes, para que ensinassem os concursados recém admitidos a trabalhar, os doutrinassem sobre a cultura da Casa e neutralizassem o espírito contestador e reivindicatório com que chegariam à Câmara. Pode? Pôde!

Dessa gota que faltava surgiu o Sindical. Contra tudo e contra todos…esquerda, direita, centro.

Levávamos pau de todo o lado. Queríamos, como queremos, avançar pelas nossas próprias forças. Queríamos conquistas ao invés de concessões, pois estas pressupõem conivência.

Impusemo-nos o mês de março como limite para a criação do sindicato. Burocracia prá lá e para cá, ficamos com um prazo curtíssimo. Sobrou-nos 31 de março e primeiro de abril para a data de fundação. Uma, data do golpe militar, outra dia dos bobos. Fizemos uns atalhos e publicamos o edital de fundação convocando para 30 de março. Ufa!

Na assembléia de fundação, realizada numa saleta da CLDF, estávamos todos os 20 servidores concursados. Todos seriam diretores… e ainda havia vagas! Quando vimos, a sala foi tomada de assalto pelo pessoal de livre provimento, os docfourtistas, que queriam assinar presença, candidatar-se, enfim, utilizar o nosso edital para montar um sindicato deles, jogando-nos para escanteio. Não nos pegaram de surpresa! Juntamos nossos trapinhos e fomos para uma sala da cooperativa de crédito que eu presidia na época e criamos o Sindical. Que saudade do Quaresma, figura fundamental a quem devemos repetida reverencia quando se falar em Sindical.

Claro que o Sindicato iniciou-se só com os concursados. Senão não existiria. Mas previmos em disposições transitórias, já para dezembro do ano de fundação, a eleição de nova diretoria, a incorporação dos não concursados e do pessoal do TCDF. Afinal, seria golpe dos 20 fundadores permanecerem à frente do sindicato após a entrada de centenas de novos concursados que não tiveram condição de opinar. E já teríamos número para o embate democrático com os não concursados. E assim foi feito.

Começamos a reivindicar. E não era remuneração. Era trabalho! Queríamos ocupar os espaços de forma profissional. Tínhamos, como temos, profissionais altamente gabaritados jogados no ostracismo, subaproveitados, envergonhados de receber salários por quase nada. Mais pau!

Cortaram-me o ponto de uma semana porque dei uma entrevista à CBN durante o expediente, denunciando fantasmas. Implantamos o disque-fantasma. Criamos fatos políticos na imprensa. Tínhamos um boletim semanal tão inteligente quanto corajoso e corrosivo. Como merecia ser!

Quanto conseguimos, então? Acho que nada! Mas preservamos um nicho de altivez que até hoje perdura na Câmara. Um núcleo duro, resistente a chuvas e trovoadas, que nos orgulha e acabará prevalecendo num país cujo povo muda para melhor, mais consciente e informado. Num país em que os funcionários públicos perderão a mentalidade de celetistas e se comportarão como servidores e olheiros do povo.”

Gui Brum, em 04 de agosto de 2008